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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ISADORA SALAZAR
(BRASIL – PARÁ)

nascida em Belém do Pará, é escritora. 

Publicou os romances Água de mortas, Editora Patuá, 2017, e Phantalassa ou Aconchego-me sobre metralhadoras, Mezanino Editorial, 2021. Publicou O mito de Horácia Bigbang – Série Lições de Continentes – Lumme e Polichinelo e Mezanino Editoras, 2021. Participou da Antologia Na grande noite arquitetada, Mezanino Editorial, 2022, entre outras obras. É mãe de dois filhas, quatro gatas, e uma vira-lata chamada Beibei; Isadora nasceu com outro sobrenome e, emancipada desde os 16 anos, costuma dizer que nasceu dos pés de jasmim da Ilha do Mosqueiro.
Seu nome artístico é uma homenagem à sua avó materna, que a criou.
É formada em Música, Direito e Gestão Cultural.


Links: https://linktr.ee/isadorasalazar. Sites: isadorasalazar.com.br e bicudaocriativo.com.br

 

DANIEL, Claudio.  NOVAS VOZES DA POESIA
BRASILEIRA. Uma antologia crítica.   
Capa: Thiti
Johnson.  Cajazeiras:  Arribação, 258 p.  
ISBN 978-85-6036-3333365-6

                     Exemplar na biblioteca de Antonio Miranda

 

      

TARDÍGRADOS NA LUA

 

Muitos esperam a chegada do meteoro.

Eu não.

Eu não espero o grande evento.

Nem a praga zumbi que apodrece a alma.

Eu apenas espero fazer os cálculos certos.

Desviar de Marte e talvez rezar para que o ricochete gravitacional em um asteroide errante não me atire contra o the last mangará de bananas vermelhas cultivado sobre a Terra; ou contra a órbita da própria Lua.

Muitos, ou talvez muito pouco de todos, esperam a chegada de um último meteoro e esses não estão nem aí para o extermínio em massa dos dinossauros ou para a chuva de cinzas que ferve sobre São Paulo ; ao contrário, cultivam os mais selecionados ovos das baratas tropicais capazes de desenvolver ferrões e envenenar seus pequenos cães que ganem sem fôlego dentro de seus despersonalizados apartamentos de passagem.

Ou de paisagem.

E muitos esperam a chegada de um último meteoro.

Mas eu não.

Eu sou a grande destruição.

Eu sou a porra do Melancholia que já cobre de estática tudo por onde resvala.

Eu sou o Nibiru que nasce no horizonte invisível de todas as manhãs bem ao lado do sol que nos manda levantar e comer uma média de pão com um queijo mais do que amarelo e tartrazina.

E eu sou o cometa. O último cometa que detonou o Golfo do México, e também sou o vulcão, o último vulcão que derramou lava sob a placa tectônica do Pantalassa e roubou todo o oxigênio de dentro das fossas abissais repletas de plástico do OceanoAtlânticoPacíficOPacíficAeGentilAmadaMãeTerra -- que És quem Eu Sou.

PlásticoPlâncton.

 

HO’OPONOPONO BANG


Suatá, Roma, Bactéria de Schrödinger, pólipos, Havaí, Mosqueiro, lua. Dois Tigres, negropúbisveludo e decúbito dorso sobre a cama, pacientam pequenas palavras enquanto decidem sobre instalar ou não o novo chuveiro elétrico em seus banhos. —Há que se comprar outros fusíveis e refazer as instalações hidráulicas de todo esse corredor—, diz a eles o Imenso Homem que repousa forasteiro sobre suas cabeceiras inundadas de pena. Acetona, álcool, Marajó, raízes, dentes, corais, oceano, ilha. Todas essas estrelas ocultas os Dois Tigres Negros já sabem; o que eles verdadeiramente não sabem é a razão pela qual o Imenso Homem, esse que coleciona em seu odre de veludo as lágrimas recolhidas de todas as casas, bairros e janelas, entrou pela porta e pacientemente deitou peso sobre suas asas.

Água e madeira sobre a neve. 

 

CORTATO

 

Fé. Saltar bem próximo ao porto. Afundar sob os barcos. Transpassar a parte mais funda do gaiola. Nem sempre a ânima ajuda. Transpassar é ter fé. Perder o fôlego sob a densa romaria, receber fôlego de anjo, alcançar ou não o destino do oxigênio. Expirar. Respirar. Inspirar. Inalar. Exalar. Cortato é pizzicato, corda puxada sem meio ou fim. Há música sobre o Jurunas. Há corda de pizzicato sob o Jurunas. O moleque cai solto sobre o Jurunas. O moleque salta sob os ancorados. Muitas vezes salta sob mais de dois ou três. O moleque nem sempre percebe a nova gaiola que se atraca aos outros amarrada. E quando percebe, quando essa nova gaiola de homens e cascos chega é preciso afundar sob todos os assoalhos; é preciso tocar os solos, pedir licença ao criador de todos os mundos, adentrar no reino do fundo, temer ou não temer a piraíba; é preciso conter a apneia e confiar no empuxo. A piraíba é filhote e bicho do fundo, a piraíba é filhote e caça no fundo, vive no fundo, sobrevive no fundo. A piraíba é peixe de empuxo, é carro de prata, bicho de prata. O moleque é solto pelo Jurunas, o moleque é couro, mas pode ser prata. A piraíba é couro e prata. O moleque cravejado de prata sob o sol de meio-dia é couro, mas pode já ter sido anjo, pode ter sido engano, pode ter sido música, pode ter sido ouro, tomado fôlego de ouro, viajado em mala no carro de prata, pode ter sido vestido de asa, papel de asa, fé em cera, romaria de cetim; pode ter viajado na mala do carro de prata e rendido apneia, vencido empuxo, pizzicato de ouro, cortato de seda, sicorda de gaiola – e a já tão chorada vela da lanterna afogada, parida que está sobre o pó das palafitas que flutuam, eventualmente se choca contra todos os nós em um dia de ossada, desmando e vaga.


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Página publicada em setembro de 2024

 


 

 

 
 
 
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